Fonte: Michele Aligleri – Revista Mercado em Foco
empreender
em.pre.en.der
(em2+lat
prehendere) vtd 1 Resolver-se
a praticar (algo laborioso e difícil); tentar, delinear: Empreender
o domínio de si mesmo. vtd 2 Pôr
em execução: Conseguira
empreender um regulamento aos subalternos.vtd 3 Realizar,
fazer: Empreender
uma viagem. (Fonte: Dicionário Michaelis
online)
É justamente este
verbo que dá nome a um projeto de excelência da ACIL. Com o
objetivo de estimular a integração entre os empresários, a troca
de experiências para solucionar problemas e criar estratégias de
mercado, o Programa Empreender volta à ativa. Criado em 1999 e
desenvolvido por cerca de dez anos, o programa – que tem como
finalidade a formação de grupos de empresários que atuam no mesmo
segmento para troca de experiências – chegou a ter vários núcleos
atuantes em diferentes setores. De acordo com a analista de negócios
da ACIL, Valéria Furlan Sitta, na época de maior evidência entre
20 e 25 núcleos atuaram simultaneamente. Diante da necessidade de
alguns setores, optou-se pela retomada do programa. Atualmente,
quatro núcleos já estão em andamento e há previsão de lançar
mais seis novos núcleos ainda neste ano.
Um consultor
acompanha os empresários do grupo e é responsável pelos
planejamentos estratégicos que serão seguidos pelos participantes.
Junto aos empresários ele define as ações mercadológicas. “Nestas
reuniões as empresas participantes discutem a situação atual, as
estratégias e as atividades que podem ser desenvolvidas por todos
para um melhor desenvolvimento das empresas e principalmente para
fortalecimento do setor”, conta Valéria.
A criação dos
núcleos é definida de acordo com a necessidade do segmento. O
programa tem uma metodologia própria em que cada empreendedor tem um
importante papel dentro do grupo. “O empreender é uma importante
ferramenta de direção para os negócios, o programa permite que os
participantes pensem e busquem soluções juntos para as dificuldades
que surgem”, complementa. Valéria explica que o programa colhe
bons frutos porque, além de contar com consultores especializados
como moderadores, tem o apoio da Federação das Associações
Comerciais e Industriais do Paraná (Faciap).
Para a analista de
negócios, a formação dos núcleos setoriais não beneficia apenas
aquele segmento em questão. “As ações refletem em melhora e
fortalecimento do mercado – e isso também é importante para todo
o município”, destaca.
Quando o
concorrente é aliado
O consultor e
moderador do Núcleo de Consultores Empresariais, Cristovam Dias
Junior, explica que a união de empresários do mesmo setor
possibilita a realização de um planejamento e ampliação da
competitividade. “Se todos enfrentam o mesmo tipo de problema, fica
mais fácil encontrar solução. Empresários unidos ficam mais
fortes”, salienta. Segundo ele, um dos grandes desafios iniciais da
formação de núcleos consiste em estabelecer parceria e confiança
entre os participantes. “Apesar de serem concorrentes da porta para
fora, é possível trabalhar em conjunto para que todos saiam
ganhando”, aponta. Cristovam ainda destaca
que a verticalização e fortalecimento das grandes empresas tendem a
esmagar as pequenas que não se unirem estrategicamente, por isso ele
considera o trabalho do Programa Empreender tão importante.
Com empresários
aliados, fica mais fácil divulgar o setor, negociar capacitações,
buscar tecnologias e inovação. O consultor acrescenta que o
trabalho em equipe abre um leque de condições que muitas vezes o
pequeno empresário não consegue alcançar sozinho. “Pensar a
empresa de forma estratégica faz diferença nos dias atuais”,
ressalta. Para o consultor, o associativismo é um caminho natural
para ampliar o mercado das micro e pequenas empresas. “O segredo
está em ver o concorrente como aliado em alguns momentos. O Programa
Empreender vem para quebrar paradigmas e auxiliar o empresário a ter
uma visão diferente da empresa e do mercado.”
Juntos contra a
venda clandestina
O Núcleo de Gás é
um dos que já estão em andamento nesta nova etapa do Programa
Empreender. O empresário Marcelo da Costa viu na iniciativa uma
oportunidade de melhorar seu negócio e se aliar a outros empresários
do setor para combater o comércio clandestino do produto. Segundo
ele, apesar de serem poucos, os empresários participantes estão
bastante unidos. “Estamos lutando para combater esta questão e
precisamos de mais empresários do setor para auxiliar”, comenta.
As reuniões do
Núcleo de Gás já começaram há um ano e meio e o principal
desafio é encontrar estratégias para disputar o mercado com
indivíduos que comercializam o produto de forma irregular. “A
fiscalização é muito falha, qualquer pessoa pode comprar uma moto
e começar a vender gás. Ela não paga impostos, faz a entrega com
veículo inadequado, vai até os clientes e consegue cobrar mais
barato. É difícil combater sozinho, mas juntos podemos encontrar
saídas para este problema”, ressalta. Marcelo lembra que vender
gás clandestino é crime. “Como a fiscalização é deficiente
cabe aos empresários se organizarem e dificultarem o trabalho de
quem faz este tipo de venda”, observa.
Para ele, além das
ações estratégicas para combater a clandestinidade do negócio, a
participação no Programa Empreender auxiliou na administração da
empresa de modo geral. “Comecei a calcular os custos de forma
diferente e passei a valorizar pequenas despesas que não eram
computadas antes”, afirma. Ele avalia a participação no núcleo
como positiva. “Pode ser que o segmento de forma geral não tenha
sentido uma mudança tão grande quanto a que eu senti de forma
individual”, explica.
Marcelo considera o
trabalho inicial positivo, mas destaca a importância da participação
de mais empresários do setor. “Minha esperança é que esta
realidade mude, que as pessoas busquem se profissionalizar e que os
clientes deixem de abastecer com os clandestinos”, destaca. Para
ele também é importante que a população se conscientize e não
compre gás sem nota fiscal.
Conhecimento
dividido enriquece a todos
Carmen Benedetti tem
uma empresa de consultoria empresarial e decidiu participar do núcleo
destinado ao seu setor para trocar experiências com os demais
profissionais da área. “Conhecimento é um bem que a gente pode
dividir sem ficar mais pobre. Este núcleo só enriquece quem
participa, são novos olhares, novas parcerias e conhecemos outras
pessoas com a mesma afinidade”, justifica. As expectativas da
empresária em relação ao núcleo são as melhores. “São muitos
pontos positivos, eu até agora não considero nenhum ponto negativo.
O concorrente sempre ensina alguma coisa para nós. Dá para ter uma
relação saudável”, garante.
Na opinião de
Carmen, quem trabalha em grupo tem mais ideias e segue mais longe,
mas para alcançar um bom resultado é preciso encarar os outros
participantes de maneira diferenciada. “É enxergar no concorrente
uma maneira de aprender. O principal benefício é a troca de
experiência, assim todo mundo sai ganhando”, complementa. Para
Carmen, as reuniões permitem ainda ampliar a rede de contatos, saber
mais sobre fornecedores e agendar treinamentos em grupo, atividade
mais difícil para profissionais com este perfil que costumam
trabalhar sozinhos.
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